Unidade na Autoeuropa <br>para derrotar chantagens

HORÁRIOS Na votação de 28 de Julho, «ficou comprovado que os trabalhadores da Autoeuropa sabem claramente o que querem», afirma-se numa saudação da Fiequimetal/CGTP-IN e do SITE Sul, divulgada no dia seguinte.

O dinheiro é importante, mas não compra saúde nem felicidade

Image 23296

Para ontem estava marcada uma reunião com a administração, na qual o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE Sul) iria procurar «uma solução que sirva os interesses dos trabalhadores, que são o verdadeiro motor da Autoeuropa». Na saudação de dia 29 foi reafirmada a disponibilidade das estruturas da CGTP-IN na fábrica da Volkswagen em Palmela para encontrarem uma saída que respeite este pressuposto.
Na sexta-feira, dia 28, os trabalhadores «rejeitaram uma nova versão do agravamento dos horários de trabalho, objectivo que está a ser perseguido pela administração da empresa, a pretexto do previsto aumento do volume de produção». Na saudação, a federação e o sindicato realçam que os trabalhadores «deram mais uma resposta de enorme unidade, rejeitando este ataque aos horários de trabalho: 2596 trabalhadores votaram contra o projecto pretendido pela administração, e apenas 815 trabalhadores votaram a favor».
Com tão expressivo resultado – votaram 78 por cento dos quase 4500 trabalhadores inscritos, e o «não» obteve 75 por cento dos votos –, «ficou comprovado que os trabalhadores da Autoeuropa sabem claramente o que querem».
«O dinheiro é importante na vida dos trabalhadores, mas não compra saúde nem tempo para estar com a família, para o lazer, o desporto e a cultura, em suma, a felicidade».
A federação e o sindicato apelam a que os trabalhadores «não cedam a chantagens, venham elas de onde vierem», e permaneçam «unidos e firmes nesta luta que é de todos e que é para vencer».
 

Ataque enfrentado

Em meados de Abril, alegando o previsto aumento de produção, com o novo modelo T‑Roc, a administração comunicou que pretendia alterar os horários. O sábado, dia de descanso suplementar (folga semanal fixa), passaria a folga rotativa, e os trabalhadores iriam ter um fim-de-semana completo a cada seis semanas.
Para além da desorganização da vida familiar, estava em causa o pagamento dos sábados como trabalho extraordinário, a duração do turno nocturno e o pagamento do subsídio de turno (25 por cento) a todos – como noticiámos na edição de 11 de Maio, ao dar conta das posições da célula do PCP e do SITE Sul. No boletim da célula, O Faísca, assinalou-se então que a intenção da multinacional «reavivou o ambiente generalizado de descontentamento e revolta» na fábrica.
Em plenários, a 21 de Abril, as propostas da administração foram rejeitadas. Mantendo os contactos com a Comissão de Trabalhadores, só ao fim de quase dois meses a administração acedeu a reunir-se com o sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN, como este informou a 17 de Julho. Mesmo assim, a reunião, agendada para dia 26, acabou por ser adiada para ontem.
Nessa altura, o SITE Sul considerou que, «durante o presente processo negocial interno, foi apresentada pela CT uma solução exequível», admitindo «um turno de fim-de-semana, com adesão voluntária, e novas contratações, sem pôr em causa os direitos e as garantias dos trabalhadores». Mas «o horário deve ser de segunda a sexta-feira e todo o trabalho extraordinário deve ser pago como tal», insistia o sindicato.
A 21 de Julho, os trabalhadores aprovaram, em plenários, a marcação de uma greve para dia 30 de Agosto. No dia 26, o SITE Sul anunciou que tinha sido entregue à administração um abaixo-assinado com mais de 1500 subscritores, reclamando a alteração da intenção patronal.
Nas vésperas do referendo, foi divulgada aos trabalhadores e à comunicação social uma carta do responsável de Recursos Humanos e Produção da Volkswagen. Jürgen Haase veio defender, como «inevitável», a produção ao sábado e o modelo de turnos contínuos, lembrando que a multinacional «investiu aqui muito dinheiro» e dizendo esperar que os trabalhadores estivessem «conscientes desta responsabilidade» – como noticiou a agência Lusa.
A posição do sindicato e da Fiequimetal foi reafirmada esta segunda-feira, dia 31, numa reunião com o ministro do Trabalho, solicitada por este.

 

Acordo da CT criticado

Na quarta-feira da semana passada, teve lugar mais uma reunião entre a administração e a CT, da qual saiu a proposta levada a referendo no dia 28, mas da qual se demarcaram os eleitos da Lista C (unitária).
Num comunicado de dia 27, estes três membros da CT explicaram que, respeitando a decisão dos trabalhadores, defenderam que só a retirada da proposta patronal permitiria levantar a greve. Contudo, «a maioria da CT entendeu negociar uma compensação, que ficou expressa num “acordo de princípio” com a administração, o qual os elementos da Lista C não subscreveram, pois este “acordo” mantém a aplicação do horário que os trabalhadores rejeitam desde início».
Também mereceu crítica o facto de ficar aberto «um mau precedente», pois «pela primeira vez, um “acordo” será levado a referendo sem a devida discussão com os trabalhadores em plenário».

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Mais ilegalidades na Petrogal

No dia 26, quando os trabalhadores da Petrogal iniciaram um período de cinco dias de greve em defesa dos direitos, da contratação colectiva e de melhores salários, o PCP solidarizou-se com a luta e rejeitou a imposição de «serviços mínimos...

Pela integração na Metro do Porto

Os trabalhadores das empresas subcontratadas (Via Porto, Manvia, Thales, Sisint e outras), que asseguram a manutenção de infra-estruturas do Metro do Porto, concentraram-se no dia 27, quinta-feira, junto à Torre das Antas, no Porto, sede da empresa. Com um novo concurso...

Compasso na Cabelte

Na expectativa do resultado de uma reunião que a administração agendara para ontem, os trabalhadores da fábrica da Cabelte, em Arcozelo (Vila Nova de Gaia), decidiram na sexta-feira, dia 28, suspender as séries de greves de uma hora por turno, com concentrações no...

Jado Ibéria tem condições

Os trabalhadores da Jado Ibéria fizeram greves parciais, num total de oito horas, na quinta e na sexta-feira, com adesão praticamente total na área da produção, e reuniram-se à porta da fábrica, em Nogueira (Braga). Os trabalhadores exigem...